Santos Dumont
Alberto Santos Dumont (Palmira, 20 de julho de 1873 — Guarujá, 23 de julho de 1932) foi um aeronauta, esportista e inventor brasileiro.
Santos Dumont projetou, construiu e voou os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina. Esse mérito lhe é garantido internacionalmente pela conquista do Prêmio Deutsch em 1901, quando em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível Nº 6, transformando-se em uma das pessoas mais famosas do mundo durante o século XX. Com a vitória no Prêmio Deutsch, ele também foi, portanto, o primeiro a cumprir um circuito pré-estabelecido sob testemunho oficial de especialistas, jornalistas e populares.
Santos Dumont também foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina. Em 23 de outubro de 1906, ele voou cerca de 60 metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de Proie' (francês para "ave de rapina"), no Campo de Bagatelle, em Paris. Menos de um mês depois, em 12 de novembro, diante de uma multidão de testemunhas, percorreu 220 metros a uma altura de 6 metros com o Oiseau de Proie III. Esses voos foram os primeiros homologados pelo Aeroclube da França de um aparelho mais pesado que o ar,3 e possivelmente a primeira demonstração pública de um veículo levantando voo por seus próprios meios, sem a necessidade de uma rampa para lançamento.
Apesar de os brasileiros considerarem Santos Dumont como o responsável pelo primeiro voo num avião, na maior parte do mundo o crédito à invenção do avião é dado aos irmãos Wright. Uma excepção é a França, onde o crédito é dado a Clément Ader que efectuou o primeiro voo de um mais pesado que o ar propulsionado a motor e levantando voo pelos seus próprios meios em 9 de Outubro de 1890 . A FAI, no entanto, considera que foram os irmãos Wright os primeiros a realizar um voo controlado, motorizado, num aparelho mais pesado do que o ar , por uma decolagem e subsequente voo ocorridos em 17 de dezembro de 1903 no Flyer, já que os voos de Clément Ader foram realizados em segredo militar, vindo-se apenas a saber da sua existência muitos anos depois. Por outro lado, o 14-Bis de Dumont teve uma decolagem autopropulsada, reconhecida oficialmente por publico e jornalistas, tendo sido a primeira atividade esportiva da aviação a ser homologada pela FAI.
O ingresso no alpinismo e no automobilismo
Em 1891, com 18 anos, Santos Dumont fez uma viagem turística à Europa. Na
Inglaterra passou alguns meses aperfeiçoando o seu inglês, e na França escalou
o Monte
Branco. Essa aventura, a quase 5.000 metros de altitude, acostumou-o a alturas
elevadas. No ano seguinte, emancipado pelo pai, voltou à França e ingressou no
automobilismo. Também iniciou estudos técnico-científicos com um professor de
origem espanhola chamado Garcia. Em 1894 viajou para os Estados Unidos,
visitando Nova
Iorque, Chicago e Boston.
O
ingresso no balonismo
Em 1897, já independente e herdeiro de imensa fortuna – contava 24 anos –, Santos Dumont
partiu para a França, onde contratou aeronautas profissionais
que lhe ensinaram a arte da pilotagem dos balões. Sabe-se que em 1900 ele já havia criado nove balões, dos quais dois se tornaram
famosos: o Brazil e o Amérique. O primeiro, estreado em 4 de julho de 1898, foi a menor das aeronaves até então construídas –
inflado a hidrogênio, cubava apenas
118 metros –, e com o segundo obteve em 13 de junho de 1899 o quarto lugar num torneio aéreo, a Taça dos Aeronautas,
destinada ao balonista que pousasse mais distante do ponto de partida, após 325
quilômetros percorridos e 22 horas de voo.
O
ingresso no dirigibilismo
Simultaneamente
ao balonismo, Santos Dumont começou experiências de dirigibilidade. Ansiava por
poder controlar o voo, e para isso desenhou uma série de balões alongados
dotados de lemes e motores a gasolina
O N-1
O primeiro dirigível projetado por Santos Dumont, o N-1, com 25 metros de comprimento e 180 de cubagem, foi inflado
no Jardim da Aclimação de Paris no dia 18 de setembro de 1898, mas acabou rasgado antes do experimentado, devido a uma
manobra mal feita pelos ajudantes que em terra seguravam as cordas do aparelho.
Reparada dois dias depois, a aeronave partiu e evoluiu em todos os sentidos. Um
imprevisto, porém, encurtou a viagem: a bomba de ar encarregada de suprir o balonete interno, que mantinha
rígido o invólucro do balão, não funcionou devidamente, e o dirigível, a 400
metros de altura, começou a se dobrar e a descer com rapidez.
O N-2
Em 1899 Santos Dumont construiu nova aeronave, a N-2, com o mesmo comprimento da primeira e mais ou menos a mesma forma, mas com diâmetro maior: 3,80 metros, o que elevou o volume para 200 metros cúbicos. Levando em conta a insuficiência da bomba de ar, que quase o havia matado, ele acrescentou um pequeno ventilador de alumínio para garantir que o formato do balão se mantivesse inalterável.O N-3
Em setembro daquele ano Santos
Dumont deu início à construção de um novo balão alongado, o N-3, inflado a gás de iluminação, com
20 metros de comprimento e 7,50 de diâmetro, com capacidade para 500 metros cúbicos. A cesta instalada era a mesma utilizada nas duas outras
aeronaves. O balonete interno, que até então só havia lhe causado problemas,
foi dispensado.
Às 15h30min do dia 13 de novembro, data em que, de acordo com alguns astrólogos, o mundo acabaria, Santos Dumont, num
gesto de desafio, partiu no N-3
do Parque de Aerostação de Vaugirard e contornou a Torre
Eiffel pela primeira vez.
Do monumento seguiu para o Parque dos Príncipes e de lá para o campo de Bagatelle,
próximo a Longchamps. Aterrissou no local exato onde o N-1 havia caído, dessa vez em condições
controladas.
|
O Fatum
Tendo em vista alguns torneios
aéreos, no começo de 1901 ele construiu o balão Fatum, esférico, com o qual ascendeu
em janeiro, março e junho daquele ano. Testou nessas subidas um invento do
aeronauta francês Emmanuel Aimé, denominado “termosfera”, destinado a
possibilitar ao balonista melhor controle das alturas atingidas, no caso de 20
a 30 metros.O N-5
Retomando então o desafio do Prêmio Deutsch, Santos Dumont projetou o N-5, com motor fálico de 16 cavalos-vapor. O dirigível, terminado em julho de 1901, tinha 550 metros de cubagem, 36 de comprimento e 6,5 de diâmetro.O N-6 e a vitória no Prêmio Deutsch
No dia 13 de julho de 1901, após algumas saídas de prática, Santos Dumont disputou com o N-5 o Prêmio Deutsch pela primeira vez. Cumpriu o trajeto exigido, mas ultrapassou em dez minutos o tempo limite estipulado para a prova. No dia 8 do mês seguinte, tentando o prêmio novamente, acabou por chocar a aeronave contra um prédio; embora o balão haja explodido e ficado completamente destruído, o piloto escapou incólume do acidente. E no dia 19 de outubro de 1901, com o balão N-6, de 622 metros cúbicos e motor de 20 cavalos, ele finalmente executou a prova, amealhando o cobiçado prêmio. Tornou-se reconhecido internacionalmente como o maior aeronauta do mundo e o inventor do dirigível. O prêmio era então de 129 mil francos, que Dumont distribuiu entre sua equipe e desempregados de Paris.O 14-bis
Construiu então uma
máquina híbrida, o 14-bis, um
avião unido a um balão de hidrogênio para reduzir o peso e facilitar a
decolagem. Apresentou o exótico aeródino pela primeira vez no dia 19 de julho,
em Bagatelle, onde fez algumas corridas, obtendo saltos apreciáveis. Animado,
decidiu se inscrever para os prêmios Archdeacon e Aeroclube da França no dia
seguinte, data do seu aniversário – completaria 33 anos –, mas foi
imediatamente desestimulado pelo capitão Ferdinand Ferber, outro entusiasta da
aviação. Ferber havia assistido às demonstrações e não gostara da solução
apresentada por Dumont; considerava o híbrido uma máquina impura. “A aviação
deve ser resolvida pela aviação!”, declarou.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santos_Dumont
Nenhum comentário:
Postar um comentário